sábado, 5 de dezembro de 2009

Eu escolho

"It is our choices, Harry, that show what we truly are, far more than our abilities".

Eu escolho:
a paz como melodia;
o amor como harmonia;
a confiança como poesia.
O caminho pela conclusão;
as mudanças pela definição;
o imperfeito pela perfeição.
A música e a alegria;
a paciência e a calmaria;
o conhecimento e a sabedoria.
A lua, o sorriso, a liberdade;
o sol, o contato, a amizade;
a luz, o abraço e a verdade.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Memorial de alfabetização: Uma história sem fim

A verdade é que eu não me lembro do tempo em que as palavras não faziam sentido. Lembro-me de saber, e ponto. Mamãe era professora, vivia carregando livros, provas e trabalhos. Nunca vi o papai lendo um livro, mas ele assinava os gibis da Turma da Mônica e fazia questão que minha irmã e eu lêssemos, mesmo antes de eu aprender as palavras. Dizem que as crianças lêem o mundo antes de ler as palavras, não é? Contam que foi assim que aprendi a ler, antes de escrever, e tendo vivido menos primaveras do que a quantidade de dedos da minha mão de menina pequenina.
Minha irmã é quatro anos mais velha que eu, e era com ela que eu travava minhas batalhas. Ela era o orgulho do papai, porque lia muito e muito rápido. Como podia ser isso, se eu era a menininha do papai? Se era ler que eu precisava para ter o papai para mim, ah eu leria! E foi assim, meio que por ciúmes, que eu comecei a pegar gosto pela leitura. Os tais gibis, livros da biblioteca municipal de Santo André – que eu visitava todas as semanas com a vovó – e da biblioteca da escola – outra visita certa, todas as semanas.
Lembro-me de um livro estranho, com uma história escura, meio úmida, um castelo assombrado e um pouco de medo. Até hoje não sei que livro é esse. Lembro de casas que fugiam de casa, de colas que vazavam na gaveta e grudavam tudo. Lembro de galinhas que queriam janela em casa e de lesmas que estavam sempre indo. E em meio a camaleões que mudavam de cor, wallys que escondiam e perdiam coisas, flicts, estranhos planetinhas azuis, Manecos, canecos e chapéus de funil eu conheci os mundos.
Criei caso mesmo foi com as travessuras de uma certa menina de nariz arrebitado. Pegava o livro, pintava as imagens, lia os primeiros capítulos. Nunca voltava do Reino das Águas Claras. Coitado do livro, criou até orelhas de tantas abobrinhas que eu falava sobre ele. Até que um dia mamãe comprou um outro livro. Maior, mais colorido e com cara de coisa de criança. Devorei a história e fiz reinações junto com a turma do Sítio. Até hoje cheiro de livro é como pó de pirlimpimpim. É só respirar e viajar por um mundo de sonhos, como que ouvindo as histórias contadas por uma velha negra.
Virei rato de biblioteca. E tornou-se um prejuízo para o papai me levar em livrarias. Eu ganhava meu presente de aniversário quando começava o ano e a mamãe ia visitar as editoras para escolher material para dar as suas aulas. Sempre saíamos de lá com muitos, muitos livros paradidáticos. Aliás, foi nessa época que eu aprendi que livros didáticos não estão com nada! Eu gosto mesmo é dos paradidáticos! Mesmo que eu não soubesse o que significavam essas palavras...
Ai eu conheci dois Pedros. Um deles era o Pedro da classe, colega de leitura, com quem eu competia para saber quem lia mais livros. Era ele que me passava as melhores indicações de livros pra ler, muito mais que a coitada da professora que não sabia o que era legal. Foi ele que me apresentou um outro Pedro. Pedro Bandeira. Tornei-me amiga íntima de Calú, Miguel, Chumbinho, Crânio e Magri. Virei um Kara! Droga de tempo que passava rápido, droga de livro que acabava, droga de série que não continuava... Depois conheci o Leo, o Gino e a Ângela. Gino foi meu primeiro amigo com deficiência. Marcos Rey tinha livros legais, mistérios, mortes e cadáveres. Mas quando li Mariana de um, fiquei com a Marca de uma lágrima gravada no coração.
Certa vez enviei cartas, tanto para um autor quanto para o outro. Pouco depois recebi um bilhete da viúva de Marcos Rey, me contando sobre sua morte e me incentivando a escrever. E eu que pensava que os escritores viviam para sempre... (Não vivem?!).
Mas como em todo conto de fadas há uma bruxa, esse não poderia ser diferente. Lembro-me até hoje de Maria do Socorro, professora de língua portuguesa da sexta série. Eu contei a ela que havia lido O Mundo de Sofia. Ela não acreditou. Disse que uma menina da minha idade não sabia ler um livro daqueles, não entenderia nada, não podia ler. Pouco tempo depois escrevi uma carta à coordenação da escola reivindicando um passeio ao Hopi Hari. Essa professora duvidou novamente de mim e disse que eu não poderia ter escrito uma carta tão boa daquelas sozinha. Perto dessa bruxa, a dona da casa feita de doces de João e Maria parecia até ser boazinha.
Cresci. Li Agatha Christie, as histórias de Sherlock Holmes, Luiz Fernando Veríssimo, Eça de Queiros, Machado de Assis... só não li Paulo Coelho. Tomei gosto pela poesia, Fernando Pessoa, Vinicius de Morais, Cecília Meireles, Manuel Bandeira, Drummond...
E foi lendo tanto, que li a história de uma professora muito maluquinha. Tornei-me professora. Tornei-me uma eterna aprendiz da literatura. Hoje não leio tanto quanto gostaria, uma vez que os livros que me fazem brigar e sonhar com a realidade ocupam meu tempo e não me deixam ler os que me levam para a fantasia. Que saudades da aurora da minha vida, da minha infância querida. Que saudades dos barcos de papel que eu soltava na enxurrada. Mas ainda sou pequena, muito eu ainda não sei, mas sei que gosto do mundo onde eu cheguei.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

As 100 linguagens da criança

"A criança é feita de cem. A criança tem cem mãos, cem pensamentos, cem modos de pensar, de jogar e de falar. Cem, sempre cem modos de escutar as maravilhas de amar. Cem alegrias para cantar e compreender. Cem mundos para descobrir. Cem mundos para inventar. Cem mundos para sonhar. A criança tem cem linguagens (e depois, cem, cem, cem), mas roubaram-lhe noventa e nove. A escola e a cultura separam-lhe a cabeça do corpo. Dizem-lhe: de pensar sem as mãos, de fazer sem a cabeça, de escutar e de não falar, de compreender sem alegrias, de amar e maravilhar-se só na Páscoa e no Natal. Dizem-lhe: de descobrir o mundo que já existe e de cem, roubaram-lhe noventa e nove. Dizem-lhe: que o jogo e o trabalho, a realidade e a fantasia, a ciência e a imaginação, o céu e a terra, a razão e o sonho, são coisas que não estão juntas. Dizem-lhe: que as cem não existem. A criança diz: ao contrário, as cem existem."
Loris Malaguzzi

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Me encanta tudo isso!

Me encantam abraços e carinhos.
Me encanta o arco-íris
Me encanta a luz, seja como for...
Me encanta esquecer das próclises, mesóclises e ênclises
Me encanta brincar com crianças
Na verdade, crianças, de todas as idades, me encantam!
Me encantam beijos...
Me encanta o cheiro de chuva no ar e dormir escutando ela cair
Me encantam surpresas, ah como me encantam!
Me encantam o branco e o preto, o sol e a lua, o yin e o yang.
Me encanta a poesia de cada dia
Me encantam momentos especiais
Me encanta uma boa risada! (além de evitar as rugas!)
Me encanta o amor. Simples assim. E amar!
Me encantam reencontros, seja com outras pessoas ou comigo mesma.
Me encantam mensagens no celular quando eu não espero mais que ele vá tocar.
Me encanta deixar o Word louco corrigindo a minha falta de ênclises!
Me encanta um bom livro!
Me encanta um bom café da manhã com direito a chocolate, pão, frutas, nutella, manteiga... hummm
Me encantam sonhos
Me encanta estudar e saber, depois de ter estudado tanto!
Me encantam musicas, melodias, sons e afins
Me encanta comprar sapatos! ;]
Me encantam os animais fofos e bonitinhos
Me encanta conhecer lugares novos, gente nova...
Me encanta encantar.
O que te encanta?!

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Pessoas - nada - Invisíveis!!!




Ao 3ºTA


Tínhamos uma idéia, tínhamos um projeto, mas faltava uma turma. Na verdade tínhamos uma outra escola em mente, mas não deu certo... ainda bem!!!
Foi por acaso que fomos parar na escola de vocês, e não por acaso, vocês foram a turma escolhida. Hoje podemos entender por quê.
Sabíamos que trabalhar com adultos não era igual o que fazemos normalmente: a linguagem é outra, a relação é outra, as discussões são outras, as exigências são outras.
Medo.
Ansiedade.
Borboletas no estômago.
Noite sem dormir.
Enfrentar o desconhecido é difícil...
E, de repente, nos vimos com vocês, propondo um projeto que não dependia mais de nós, mas da receptividade e da colaboração de pessoas que mal conhecíamos.
Nos divertimos muito. Ouvimos e falamos muito. Aprendemos muito.
Esperamos que vocês tenham gostado e, quem sabe, aprendido alguma coisa.
Podemos apenas agradecer tudo que vocês fizeram por nós, por nos receber com carinho, por aceitar nossas provocações, por se abrirem e doarem um pouco de si.
Saimos daí com muito mais do que um projeto realizado. Crescemos como profissionais e como pessoas.
Valeu, galera... garantimos a NOSSA nota!!!!

“Cada pessoa que passa em nossa vida deixa um pouquinho de si e leva um pouquinho de nós. Essa é a maior responsabilidade da vida e a prova de que as pessoas não se encontram por acaso.”
Charles Chaplin

sábado, 9 de maio de 2009

Hurt Before (The Corrs)

She's a girl in a world
She's moving as fast as she goes
Loves her mom and her dad
The only secure that she knows
But at night she's alone
She's dreaming of somebody new
Her someone for to hold
She's praying the dream will come true

Show me the way
Show me, show me how
Help me, be brave
For love
Show me the way
Show me, tell me how
What do you say?

There's a pain in her heart
She's trying to hard to unwind
Makes her cry in the night
When visions so real make her blind
Wants to break through the fear
Erasing the scars from within
Start a new kind of being
She's down and she's praying again

Show me the way
Show me, show me how
Help me, be brave
For love
Show me the way
Show me, tell me how
What do you say?

You see she's
Turning the key, unlocking the door
Embracing the roller coaster world
Stepping outside, body and soul
Taking whatever future holds
Turning the key, unlocking the door
Embracing the roller coaster world
You're taking the stride,
you're just twenty-five
And you know we've all been hurt before

You see she's
Turning the key, unlocking the door
Embracing the roller coaster world
Stepping outside with body and soul
Taking whatever future holds
Turning the key, unlocking the door
Embracing the roller coaster world
You're taking the stride, you're just twenty-five
You know we've all been hurt before

We've all been hurt before
See you're not alone, no
You're not alone

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Barcos de Papel

Quando a chuva cessava e um vento fino
franzia a tarde tímida e lavada
eu saía a brincar pela calçada
nos meus tempos felizes de menino.

Fazia de papel toda uma armada
e, estendendo meu braço pequenino,
eu soltava os barquinhos, sem destino,
ao longo das sarjetas, na enxurrada.

Fiquei moço. E hoje sei, pensando neles,
que não são barcos de ouro os meus ideais:
são feitos de papel, tal como aqueles,

perfeitamente, exatamente iguais
-que os meus barquinhos, lá se foram eles!
Foram-se embora e não voltaram mais.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Dá pra entender

"Na verdade somos muito mais do que imaginamos ser. Somos a janela daquilo que abrimos e somos o porão daquilo que esquecemos e escondemos. Somos o consciente e o sonho. Luz e sombra. Máscara e rosto. Verdades e abstrações. Somos organizados e somos bagunceiros. Decididos e confusos. Certos e errados. Somos o porão empoeirado e a janela com floreira. Somos a casa inteira. Dá pra entender?!"

domingo, 29 de março de 2009

A Vida é Feita de Momentos Assim

Um sol que ilumina os sorrisos, o brilho nos olhos, a sensação de liberdade. A segurança de estar com os amigos. Conhecer pessoas novas de uma maneira tão nada a ver que até parece mentira. Os acasos (que não existem). Uma foto molhada pela água de um rio. Um passeio pelo mundo inteiro a bordo de uma roda gigante. Ver o mundo de cabeça pra baixo (repetidas vezes) - quem sabe não era melhor ele ficar assim. Soltar aquele grito entalado há tempos na garganta. Voar. Fechar os olhos e sentir o vento, e nada mais. Se lambuzar de algodão doce e pipoca. Correr, pular e dançar. Esquecer os problemas em um outro país. E, no fim do dia, voltar pra casa com a sensação mais deliciosa do mundo: de ser feliz!

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Por que nos abraçamos?

Para dizer olá, adeus, saudades!, até logo, eu te amo, conta comigo, sinto muito..., força!, parabéns! (...) sem pronunciar nenhuma dessas palavras
Para implorar desculpas ou mostrar que alguém está desculpado
Para mostrar o quanto nos importamos com alguém, o quanto essa pessoa é insubstituível, o quanto estamos orgulhosos dela ou dele
Para pedir colo, carinho, atenção...
Mas acho que nos abraçamos por uma necessidade de afirmar (para o outro e para nós mesmos) que não estamos sozinhos, que alguém se importa.
Um abraço pode mudar um dia, pode mudar uma vida.
E é algo tão simples...