sábado, 14 de maio de 2011

Things I´ll never say

I'm tugging at my hair
I'm pulling at my clothes
I'm trying to keep my cool
I know it shows

I'm standing at my feet
My cheeks are turning red
I'm searching for the words inside my head

I'm feeling nervous
Trying to be so perfect
Cause I know you're worth it
You're worth it
Yeah

If I could say what I want to say,
I'd say I want to blow you... away,
Be with you every night,
Am I squeezing you to tight?
If I could say what I want to see,
I want to see you go down,
On one knee,
Marry me today,
Guess I'm wishing my life away,
With these things I'll never say

It don't do me any good
It's just a waste of time
What use is it to you
What's on my mind?
If ain't coming out
We're not going anywhere
So why can't I just tell you that I care

Cause I'm feeling nervous
Trying to be so perfect
Cause I know you're worth it
You're worth it
Yeah

If I could say what I want to say
I'd say I want to blow you... away
Be with you every night
Am I squeezing you to tight?
If I could say what I want to see
I want to see you go down
On one knee
Marry me today
Yes, I'm wishing my life away
With these things I'll never say

What's wrong with my tongue
These words keep slipping away
I stutter
I stumble
Like I've got nothing to say

Guess I'm feeling nervous
Trying to be so perfect
Cause I know you're worth it
You're worth it
Yeah

La da da da La da da da...

Guess I'm wishing my life away
With these things I'll never say

If I could say what I want to say
I'd say I want to blow you away
Be with you every night
Am I squeezing you to tight?
If I could say what I want to see
I want to see you go down
On one knee
Marry me today
Guess I'm wishing my life away
With these things I'll never say

These things I'll never say

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Casa de Vó

Na casa da minha avó Maria, mãe da minha mãe, parece que o tempo não passa. A casa da vovó sempre foi encantadora – ou encantada!

Na verdade é um apartamento. Vovó mora até hoje no primeiro andar de um prédio bem grande e bem velho no centro da cidade. É um apartamento com três quartos, duas salas, uma cozinha e uma área enorme. Ah... a casa da vovó tem sacada! Eu sempre achei aquela sacada o máximo! Lembro até hoje do dia em que a vovó, minha irmã e eu comemos uma lata inteirinha de doce de leite debruçadas na sacada, vendo os carros passarem na avenida.

Um dos quartos é o do vovô e da vovó. Eu nunca entendi muito bem por que tinha uma bicicleta bem na frente da janela. E uma parede do quarto deles é forrada de portas de armário. Uma delas tem um espelho do lado de dentro, mas hoje em dia eu não me lembro mais qual é.

O outro quarto virou um escritório. Ou quarto de leitura. Hoje tem um computador lá, mas quando eu era pequena só tinha livros empoeirados em uma estante. Livros, muitos livros. De todas as cores, com todas as histórias, todos meio velhos. Eu ficava muito tempo vendo os títulos dos livros e pedindo indicações de leitura para minha avó.

O último quarto é o que era da minha mãe. A cama, a penteadeira, os armários e a cadeira dela estão lá até hoje, mesmo que já faça mais de trinta anos que a mamãe se casou com o papai e saiu de casa. Até o abajour vermelho ainda está lá! E funciona!

Passei muitas noites de sexta para sábado naquele quarto, deitada na cama e ouvindo as histórias que a vovó gostava de contar. Nesse quarto tem uns posters, tipo umas fotos bem grandes com imagens dos meus tios, dos meus pais, dos meus primos, da minha irmã e de mim, há muito e muito tempo! No meu pôster eu era só uma bebezinha! Minha mãe devia ter a minha idade no pôster dela!

A sala da casa da vovó tem um piano. E perto dele os sofás. E nos sofás tem um monte de almofadas. Lembro-me de ficar no sofá brincando com lãs de todas as cores, vendo a vovó fazer tricot. Lembro também de dedilhar o piano, tentando encontrar as notas desconhecidas dos meus primeiros métodos musicais. E eu não sei por que, mas a vovó sempre ficava lá ouvindo... e dizia que era a coisa mais linda mundo! Vai entender cabeça de vó!

A cozinha não é muito grande, mas eu me lembro de acordar com o cheiro de café nos sábados de manhã e sentar à mesa pra tomar café com leite e comer o pão com manteiga que a vovó fazia. A geladeira da vovó sempre foi lotada, cheia de potes com coisas estranhas dentro. De repolho cozido a iogurte feito em casa, lá tem de tudo! Até hoje!

E na área tem um monte de plantas. Lembro de varrer uma samambaia quando era pequena. Vovó falava que quando as folhas secavam tinha que tirar da planta, mas como ela ficava no alto precisávamos usar a vassoura. E lá ia eu dar vassouradas na coitada da plantinha. A samambaia não está mais lá.

E tinha também o quartinho da costura. Cheio de tecidos de todos os jeitos, de todas as cores. Alfinetes, fitas métricas, umas tais pedrinhas brancas que a vovó usava para riscar o pano. E uma máquina de costura preta, velha e barulhenta, que seguindo as ordens das mãos experientes de vovó, transformava um pedaço qualquer de pano em um lindo vestido para mim ou para minhas bonecas.

O cheiro... acho que a coisa que eu mais lembro da casa da vovó. Ela tem um cheiro, que eu não sei muito bem do que é. Mas é o cheiro da casa da vovó. Conheço ele desde pequenininha, e ele continua até hoje. É só entrar na casa da vovó e eu sinto aquele cheiro.

Também tem o som da casa da vovó. O barulho dos carros passando na avenida, a sirene do portão da garagem, a máquina de costura, o encostar das colheres nas panelas, o tic-tac do relógio da sala e o som baixinho do rádio. O rádio sempre estava ligado, com homens de vozes grossas falando as notícias do dia e discutindo os problemas de um mundo que eu ainda não conhecia.

Na casa da minha avó parece que as coisas são sempre iguais. Parece que o tempo não passa lá. Acho que é uma casa encantada. Sempre tem balas no pote de vidro que fica na porta de cima do armário da cozinha. Sempre tem meu avô sentado na poltrona ao lado do piano lendo seu jornal. Sempre tem plantas na área. Sempre tem aquelas benditas fotos de quando a gente era pequena em cima do móvel da sala. Sempre tem lugar pra mim na casa da minha avó.

sábado, 12 de março de 2011

"O tempo está para o amor como o vento para os incêndios; apaga os fracos e ateia os mais fortes. É uma espécie de teste, uma prova cega, uma forma inequívoca de clarificar a essência daquilo a que tantas vezes queremos chamar amor e que ainda não é mais do que o minúsculo embrião de futuro incerto e tantas vezes improvável.

O tempo está para o amor como o vento para os incêndios. Alastra repentinamente, traiçoeiro e sem aviso, vai para lugares onde nunca pensamos que pudesse sequer chegar, faz-nos tremer, sofrer, rezar, dá-nos vontade de lutar para o combater, porque não sabemos para onde vamos, o que queremos nem se seremos os mesmo depois do fim... e por isso receamos o fim antes mesmo do princípio, imaginamos cenários apocalípticos para proteger o coração cansado e errante que não quer ainda, apesar de tudo, parar para pensar ou escolher um lugar.

O tempo está para o amor como está para tudo o resto na vida. É o tempo que nos dá maturidade, que nos ensina a distinguir o que é urgente daquilo que é mesmo importante, que nos mostra onde estão os verdadeiros amigos, que nos dita quais os princípios pelos quais nos regemos e como deveremos lidar com as nossas fraquezas. O tempo ensina-nos a viver com os nossos defeitos e a respeitar as diferenças dos outros. Dá-nos sabedoria, tolerância, paciência, distância, objectividade, clareza mental. Afasta as dúvidas e as hesitações. Poupa-nos de decepções e enganos. Abre-nos os olhos quando somos os únicos a não ver. E dá-nos força para continuar, mesmo que o amor seja uma ausência, uma perda, uma falta, uma desilusão.

Mas o amor está para o tempo como uma vela acesa numa noite de luar. O amor é trémulo, impaciente, frágil, volúvel, fraco, fácil de acender. Tantas vezes se consome a si próprio, tantas vezes é tão fácil de apagar, para depois se reacender, voltar a vacilar, incerto e inseguro, quente mas efémero, forte mas falível, romântico mas tantas vezes superficial...

O amor abre o coração, desprotege o espírito, acorda o corpo e aquece a alma. Pode nascer de um olhar mais longo, de uma conversa à mesa, de um passeio à beira-mar, da simples passagem da palma de uma mão por uma cintura desprevenida. Não tem regras, nem tempo, nem cores, porque não tem limites, nem compassos nem contornos. Por isso é que quando nos apaixonamos enchemos páginas inúteis com os defeitos e qualidades do nosso amado sem chegarmos a nenhuma conclusão. E ao vermos nele alguns defeitos que tanto abominamos, condescendemos, abreviamos, contemporizamos e deixamos passar. Porque o verdadeiro amor é aquele que resiste ao tempo, sobrevive às dúvidas, emerge do medo e aprende a dominá-lo.

Amar é outra coisa. É dar sem pensar, é sonhar o dia todo acordado e dormir sem nunca adormecer, é galgar distâncias com agilidade e destreza, é viajar sem sair de casa, escolher livros e programar surpresas, namorar o telefone à espera que ele toque, acordar depois de duas horas de sono com cara de bebé, sentir que somos invencíveis e que a perfeição está tão perto e é tão fácil, que a morte já podia chegar, sem termos medo de perder a vida.

O verdadeiro amor é absoluto, indestrutível, estóico, inflexível na sua essência e tolerante na sua vivência, discreto, sóbrio, contido, reservado, escondido, recatado, amadurecido, desejado, incondicional, amargurado, sagrado, sobressaltado. O verdadeiro amor é delicado, bom ouvinte, cúmplice, fiel sem ser servil, atento sem se impor, carinhoso sem cobrar, atencioso sem sufocar e muito, muito cuidadoso para nunca se perder, se estragar, se esquecer ou desvirtuar. O segredo está no tempero, na moderação, nas palavras que nunca se chegam adizer, nas conversas perdidas à beira do rio, no olhar que fica no ar, no tempo que é preciso dar para que cresça, amadureça e deixe de meter medo. É preciso dar tempo ao amor, um tempo sem tempo, sem datas nem prazos, sem exigências nem queixas, porque o amor leva o tempo que for preciso

As Crónicas da Margarida

Margarida Rebelo Pinto

domingo, 16 de janeiro de 2011

Quando comecei, pensava que escrever sobre comida seria sopa no mel, mamão com açúcar. Só que depois de um certo tempo dá crepe, você percebe que comeu gato por lebre e acaba ficando com uma batata quente nas mãos. Como rapadura é doce mas não é mole, nem sempre você tem idéias e pra descascar esse abacaxi só metendo a mão na massa. E não adianta chorar as pitangas ou, simplesmente, mandar tudo as favas.

Já que é pelo estômago que se conquista o leitor, o negócio é ir comendo o mingau pelas beiradas, cozinhando em banho-maria, porque é de grão em grão que a galinha enche o papo.

Contudo é preciso tomar cuidado para não azedar, passar do ponto, encher linguiça demais. Além disso, deve-se ter consciência de que é necessário comer o pão que o diabo amassou para vender o seu peixe. Afinal não se faz uma boa omelete sem antes quebrar os ovos.

Há quem pense que escrever é como tirar doce da boca de criança e vai com muita sede ao pote. Mas como o apressado come cru, essa gente acaba falando muita abobrinha, são escritores de meia tigela, trocam alhos por bugalhos e confundem Carolina de Sá Leitão com caçarolinha de assar leitão.

Há também aqueles que são arroz de festa, com a faca e o queijo nas mãos, eles se perdem em devaneios (piram na batatinha, viajam na maionese...etc.). Achando que beleza não põe mesa, pisam no tomate, enfiam o pé na jaca, e no fim quem paga o pato é o leitor que sai com cara de quem comeu e não gostou.

O importante é não cuspir no prato em que se come, pois quem lê não é tudo farinha do mesmo saco. Diversificar é a melhor receita para engrossar o caldo e oferecer um texto de se comer com os olhos, literalmente.

Por outro lado se você tiver os olhos maiores que a barriga o negócio desanda e vira um verdadeiro angu de caroço. Aí, não adianta chorar sobre o leite derramado porque ninguém vai colocar uma azeitona na sua empadinha não. O pepino é só seu, e o máximo que você vai ganhar é uma banana, afinal pimenta nos olhos dos outros é refresco.

A carne é fraca, eu sei. Às vezes dá vontade de largar tudo e ir plantar batatas. Mas quem não arrisca não petisca, e depois quando se junta a fome com a vontade de comer as coisas mudam da água pro vinho.

Se embananar, de vez em quando, é normal, o importante é não desistir mesmo quando o caldo entornar. Puxe a brasa pra sua sardinha que no frigir dos ovos a conversa chega na cozinha e fica de se comer rezando. Daí, com água na boca, é só saborear, porque o que não mata engorda.

(Autor Desconhecido)